Do desafio das telas ao risco da adultização: o que aprendemos no Elos com as Famílias.

O último encontro do Elos com as Famílias, promovido pelo Grupo Educacional Euclides da Cunha, colocou em pauta um dos temas mais urgentes da atualidade: como as telas, bullying e os desafios de convivência entre gerações estão transformando a experiência de ser criança e adolescente. Longe de ser apenas uma questão sobre “passar tempo demais no celular”, o debate revelou como a vida digital influencia diretamente como as crianças se relacionam, aprendem e constroem sua identidade.

Durante o encontro, educadores e famílias compartilharam percepções sobre a dificuldade de estabelecer limites claros para o uso de dispositivos e redes sociais. Nesse cenário, a infância e a adolescência ficam mais vulneráveis a pressões externas, muitas vezes incompatíveis com a maturidade emocional necessária para lidar com elas.

Recentemente, a discussão ganhou ainda mais força nas redes sociais após um alerta feito por um influenciador sobre adultização precoce. O termo se refere à exposição de crianças a conteúdos, comportamentos e responsabilidades típicos da vida adulta antes do tempo, o que pode comprometer a sua saúde emocional e social. 

A adultização vai muito além da aparência física ou de uma moda passageira. Trata-se de um fenômeno que altera como as crianças e adolescentes percebem a si mesmas e o mundo ao seu redor. Pressionadas por padrões irreais, desafios virais e estímulos para “agir como adulto”, muitas acabam pulando etapas importantes do desenvolvimento. O brincar, a criatividade, a experimentação segura e o amadurecimento gradual (aspectos fundamentais para a formação emocional) vão sendo substituídos por cobranças, comparações e preocupações que pertencem a uma fase da vida que ainda não chegou. 

O vínculo entre o que discutimos no Elos e o alerta feito nas redes sociais é evidente. O ambiente digital que facilita a troca de informações e aproxima as pessoas também pode amplificar riscos, especialmente quando não há supervisão adequada. Bullying virtual, perda de privacidade, conteúdos inadequados e padrões inalcançáveis se entrelaçam, criando um cenário em que a infância se torna mais curta e a transição para a vida adulta mais abrupta. 

Frente a isso, a responsabilidade é compartilhada. Família e escola precisam se unir para criar proteção e diálogo, no qual crianças e adolescentes possam explorar o mundo digital com segurança. Isso inclui acompanhar o que consomem nas redes, conversar sobre o impacto do que veem, ensinar a diferenciar o real do idealizado e, principalmente, mostrar que não há pressa em crescer.

Proteger a infância é mais do que limitar o tempo de tela: é garantir que cada fase seja vivida plenamente, com direito a brincar, errar, experimentar e aprender no próprio ritmo. É uma tarefa que exige atenção, afeto e compromisso coletivo, mas que traz como recompensa o desenvolvimento saudável e a construção de memórias genuínas, livres das pressões indevidas de um mundo cada vez mais acelerado.

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