Katia Moura é coordenadora do SAEE – Serviço de Atendimento Educacional Especializado – psicopedagoga, psicomotricista e psicanalista e há mais de dez anos trabalha com educação inclusiva no Euclides.
Com vasta experiência em inclusão, nos conta que apesar de as pessoas acreditarem que a educação inclusiva é recente, esse diagnóstico e a acessibilidade para os alunos atípicos acontecem há anos.
De acordo com a Declaração de Salamanca de 1994, da qual o Brasil foi o país signatário,
todos devemos ter um olhar mais atento a qualquer tipo de transtorno ou deficiência, já a Constituição de 1988, diz que a escola é para todos. Ao longo de vários processos, leis foram surgindo e o autismo não é mais tratado como um caso isolado, sendo incluído ao diagnóstico de TEA – Transtorno do Espectro Autista.
O TEA visa trabalhar de diferentes formas com qualquer criança, adolescente e jovem que tenha autismo. Alguns médicos costumam classificar o transtorno, utilizando-se de um numeral, nivelando o tipo de suporte necessário.
É o médico quem sempre cuida do diagnóstico. Não podemos ser imprudentes em achar que só de olhar conseguimos identificar o transtorno daquela pessoa, cuidando para não rotular, sendo necessária uma avaliação mais complexa que determine o laudo.
Para que o laudo seja preciso, o médico conta com uma rede de apoio, vários terapeutas que o auxiliam por meio de testagens que servirão para compor o diagnóstico com o tipo de transtorno, que pode ser TEA, TDAH, TOD.
No Euclides, o aluno ao se matricular passa por uma entrevista com o SAEE que verifica se a criança já é atendida por algum especialista. A partir daí, faz-se uma leitura atenta do laudo e relatórios terapêuticos do aluno, apresentados pela família, dando início a uma parceria com os terapeutas e a família, criando uma rede de apoio, determinante para o desenvolvimento dele.
Diante do diagnóstico, é traçado um plano de ação, de acordo com a característica identificada, para ser atendido de forma individualizada, mediante a sua natureza que pode ser um autista verbal, não verbal, com altas habilidades – antigamente diagnosticado com super dotação – e deficiência intelectual ou seja, com mais dificuldades para acompanhar o conteúdo.
O PEI é o Plano Educacional Individualizado, desenvolvido para cada aluno assistido e que possui objetivos e estratégias com conteúdos específicos para que ele se sinta incluído na escola. Além disso, dentro do SAEE temos um grupo de elaboradores do material didático, adaptado para atender a essa demanda.
Temos junto aos pais de alunos mediados, um encontro com o SAEE, que acontece uma vez por mês, proporcionando um tempo exclusivo para eles. Na conversa, discutimos temas diversos como família, emprego, futuro e perspectiva de vida. Os pais, por muitas vezes, estão tão envolvidos com o tratamento dos filhos que esquecem de si mesmos. Esse olhar atento ao seu interior e ao seu momento é muito importante para a sua saúde emocional.
E é a partir desses encontros que muitos pais, após acompanharem o tratamento de seu filho, decidem fazer a sua avaliação e descobrem que tem algum tipo de transtorno.
É bem interessante saber que hoje, com o avanço da medicina e avanço terapêutico, podemos ajudar mais pessoas que há anos atrás ficavam escondidas dentro de casa.